Tinto / 12,5% Alc.
Dão / Baga, Jaen, Tinta Amarela, Alvarelhão, e outras
Apesar do meu enorme apreço pelos vinhos da Casa da Passarella, uma das mais emblemáticas quintas do Dão, por lacuna minha, acabei protelando tempo demais a apresentação aqui de alguns dos seus grandes vinhos!
Como seria de esperar, não me vou debruçar sobre este notável Villa Oliveira (Vinha Centenária Pai D’Aviz) 2018 sem tecer umas breves notas sobre a ilustre Casa da Passarella
Fundada em 1892, no final do período da filoxera, a Casa da Passarella, encerra em si uma longa história. Pelos altos e baixos da sua existência, eis-nos em 2008, ano da sua aquisição pela família Cabral e da contratação do enólogo Paulo Nunes, como consultor, passados três anos, aceita o convite para assumir, a tempo inteiro, os destinos enológicos do projeto.
Da herança ficaram as vinhas centenárias, plantadas no sopé da Serra da Estrela, o saber dos antigos, e as técnicas de Monsieur Hellis, um enólogo francês, judeu, que por lá se refugiou e que, durante a segunda guerra mundial, com a experiência de outras paragens, se encarregou de aprimorar os vinhos que lá se produziam. Mas também, o legado, de alguns, dos ilustres da enologia portuguesa, que em tempos por lá passaram, como o Dr. Mário Pato e o Eng. Alberto Vilhena, entre outros.
Mas seria aqui, nestes 60 hectares de vinha, subdivididos em sete distintos vinhedos, na Casa da Passarela, que a sensibilidade e a mestria do enólogo, Paulo Nunes, se evidenciariam pela forma como conseguiu interpretar as vinhas, o solo e as gentes do lugar da Casa da Passarella, permitindo-lhe mesmo o reconhecimento de melhor enólogo do ano, em 2017 e 2019.
O Villa Oliveira (Vinha Centenária Pai D’Aviz) 2018, é originário de uvas provenientes de uma das principais vinhas centenárias da Casa da Passarella, na qual, desde sempre, se pratica a técnica de mergulhia, permitindo assim, que esta vinha pré-filoxera se perpetue, como uma vinha totalmente plantada em pé franco, o que lhe garante uma melhor preservação do seu legado genético.
Um vinho claramente de abordagem clássica, uma aproximação aos grandes vinhos do Dão de outrora, com vinificação tradicional em lagares de granito e um estágio de 36 meses em grandes toneis de 2500 litros, o que lhe confere um perfil mais elegante, com menos evidencias de notas provenientes da madeira e uma oxidação mais lenta, o que de certa forma lhe ajuda a preservar a identidade.
No copo, apresenta um tom rubi aberto. Aroma de intensidade média, fresco com notas a frutos silvestres, amora, framboesa, mirtilos, subtilmente floral, com um toque vegetal, levemente balsâmico e uma ligeira envolvência algo tostada. Na boca, mostra elegância e sofisticação, um enorme equilíbrio, taninos finos e polidos e uma excelente acidez que lhe premeia a finura ao longo de toda a prova, termina longo e com a elegância e sedosidade que nos brindou ao longo de toda a prova .
Apesar de tudo o que, sobre ele, aqui escrevi, considerando essencial para que melhor o possamos entender, concordo que um vinho destes não se explica, bebe-se, devagar e em silencio, deixando que por momentos apenas contemplemos a sua enorme finesse!
Not. 18,5
Pvp: 54 € (Ref.)


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