De uma das mais ilustres regiões vitivinícolas do mundo, a Borgonha, trago este Chablis Premier Cru 2022, da Maison Louis Latour.
Muito sucintamente, a Borgonha é uma região localizada no centro-leste de França, com cerca de 150 km de vinhedos e onde o termo "Terroir" tem aqui a sua plena expressão. Cada parcela de terra, é considerada única e diretamente determinante nas características dos vinhos aí produzidos. O seu solo, essencialmente calcário, resulta da sedimentação milenar, de esqueletos e conchas de animais marinhos que misturam com areia e argila, formando uma composição única mas bastante heterogénea, mesmo em distâncias relativamente curtas. Se levarmos ainda em conta as variáveis microclimáticas que lhe estão associadas, talvez possamos melhor entender o que está na base da unicidade dos seus "Terroir" ou no caso os seus "Climat".
A região da Borgonha é composta por cinco sub-regiões, Chablis, Côtes de Nuits, Côtes de Beaune, Côte Chalonnaise e Mâconnais. Por sua vez, cada uma destas sub-regiões está dividida em várias Apelações de Origem Controlada (AOC), hoje denominadas de Apelações de Origem Protegidas (AOP), 84 reconhecidas oficialmente, as restantes, cerca de 26, são consideradas Denominações Geográficas Complementares.
Mas não ficamos por aqui, estes vinhedos ainda são classificados pelo "Climat", como acima mencionado, caraterísticas geológicas, hidrométricas e de exposição solar especificas. Será a partir destes "Climat" que surgem as três classificações, Grand Cru, Village e Régionale. Por sua vez, algumas parcelas de vinha, Village, poderão ser elevadas à categoria Premier Cru.
Os vinhos da Borgonha são produzidos a partir de apenas duas castas, o Chardonnay para o branco e o Pinot Noir para o tinto. No entanto, existem algumas exceções com a utilização das castas, Aligoté e a Gamay.
Não obstante a particularidade de cada umas das supracitadas sub-regiões da Borgonha, irei, na senda do Chablis - Premier Cru (Louis Latour) 2022 que aqui trago e de forma mais ou menos sucinta, abordar apenas alguns dos aspectos considerados relevantes sobre a sub-região de Chablis.
Localizada no vale do rio Serein, rodeada por colinas, Chablis é uma região com cerca de 5000 hectares de vinha, plantada sobre uma grande bacia submersa de calcário, cujo as suas rochas datam do período Jurássico, algo em torno de 150 milhões de anos e sobre as quais existe uma camada de argila muito rica em fósseis marinhos, especialmente minúsculas cascas de ostras fossilizadas.
A prestigiada reputação desta região, deve-se aos seus magníficos brancos da casta Chardonnay, a única casta autorizada na região, e cujo frescor, delicadeza e mineralidade atinge aqui a sua máxima expressão.
A denominação Chablis foi criada em 1938 e compreende quatro classificações. Por ordem de qualidade temos, Chablis Grand Cru (AOC), com sete vinhedos, localizados em uma única colina perto da cidade de Chablis , Chablis Premier Cru (AOC), com 40 vinhedos, seguido da denominação Chablis (AOC), a de maior representação e a Petit Chablis, a mais simples, cujos vinhedos estão localizados nas áreas mais periféricas da região.
Esta é a terceira colheita que provei deste Chablis - Premier Cru do produtor Louis Latour, um dos mais reconhecidos produtores de vinho na Borgonha. Não me vou debruçar sobre a história da Maison Louis Latour, mas aconselho vivamente a quem tiver curiosidade, fazer-lhes uma visita, (Aqui...).
Este Chablis - Premier Cru 2022, em minha opinião, apresenta alguma semelhança com a colheita de 2020, nomeadamente ao nível aromático, na fruta e nas referencias tostadas e abaunilhadas que ambas as colheitas evidenciam.